8Quem foi criança quando não existiam i-phones, i-pads, notebooks, tablets, facebook, computadores e celulares e quando todos os pequenos viajavam soltos nos bancos das valentes rurais, que venciam as estradas esburacadas dos cafundós do Brasil, certamente viveu uma época que jamais se repetirá.

Uma época em que as ações vividas, as histórias contadas e as brincadeiras inocentes nos quintais de terra batida compõem um cenário que até hoje – e nunca sairá – está vivo na memória de quem tem mais de quarenta anos e que só podem ser revividas ao se revirar as lembranças guardadas no baú do tempo.

E é justamente isso que propõe a peça “Cafundó – Onde o vento faz a curva”, do cineasta Amauri Tangará, exibida na noite de quarta-feira (19) durante a abertura do IX Festival de Teatro Campo-verdense (FESTCAV), que termina hoje (21). Promovido pelo Departamento de Cultura da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, o FESTCAV está sendo realizado no Auditório da Associação Comercial e Empresarial (ACICAVE) com entrada gratuita.

Durante pouco mais de uma hora, Amauri Tangará leva o público a uma viagem ao passado, onde relembra as “Folias de Reis”, manifestação artístico-cultural – hoje praticamente extinta – que outrora foi comum nos “cafundós” do Brasil; viaja pela infância na roça, onde caçar passarinho e ficar olhando o céu vendo figuras nas nuvens, era alguns dos passatempos preferidos da molecada.

De um velho baú de madeira e de uma surrada mala de viagem, que simbolizam suas memórias, Tangará vai tirando os figurinos que vestem seus personagens, como a lavadeira desbocada, o caipira contador de “causos” – que conta estórias do “curupira” e do “pé de garrafa”, personagens míticos que habitam as matas e o imaginário popular; o palhaço que fazia a alegria dos circos mambembes e o imprescindível bêbado, figura tão comum, seja nas grandes cidades ou nas pequenas vilas encravadas nos “cafundós” do Brasil.

Assim é “Cafundó – Onde o vento faz a curva”: um doce retorno imaginário a um tempo que não volta mais, mas que, apesar de todo o corre-corre do dia a dia e de todos os avanços tecnológicos, emociona que os vivenciou e encanta quem não teve a oportunidade de vivê-lo. (Valmir Faria – Supervisor de Comunicação)

Categorias: noticias

Sobre o autor